SOCIEDADE HEDIONDA
RESENHA CRÍTICA
Cristovam Buarque ressalta, em seu artigo “Sociedade Hedionda”, a
fabricação da criminalidade na sociedade brasileira, onde há muitos argumentos
para justificar a violência que vem crescendo assustadoramente, tanto na camada
desfavorecida quanto na camada privilegiada. Certamente, a desigualdade social
e a falta de oportunidade representam o ponto crucial no estabelecimento da
violência, na medida em que engloba a questão educacional, implicando na
elitização da escolarização. Como explica Buarque, a trajetória de vida dos
pobres não é igual para toda a sociedade e o jovem escolarizado está menos
propenso a ingressar no crime do que o jovem sem estudo e inserido na
violência.
O autor também aborda a questão da punição criminal, propondo que esta
deve ser aplicada independente da classe social do infrator. Isso porque, em
sua visão, os pobres são muito mais vítimas da violência e, no entanto, medidas
mais severas contra o crime, como a maioridade penal, são direcionadas a este
grupo. Um exemplo concreto pode ser visto no caso do índio que foi queimado
vivo, em Brasília, por jovens da classe média alta e que, no final, ficaram
impunes. O mesmo, com certeza, não teria ocorrido se os jovens pertencessem a
uma família miserável. Assim sendo, o autor busca defender os pobres
concebendo-os como pacíficos em demasia, justificando que não reagem diante de
tantos sofrimentos sociais.
Em síntese, Buarque levanta uma bandeira contra a violência e a
impunidade criminal brasileira, considerando-as como uma afronta aos pobres, e
sugere a punição para todo ato criminoso, principalmente assassinatos,
prostituição de menores e agressão aos sem-terra, situações estas que trazem
como maiores vítimas os membros da classe desfavorecida.
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