Segundo
Barbosa (1989), aprender é um processo contínuo e dinâmico que acontece desde o
nascimento até a morte. Para Visca (1987), a criança interage com o outro e vai
aprendendo enquanto constrói um estilo próprio e dinâmico de aprendizagem. O
aprender está relacionado com todas as áreas da sociedade: família, social e
institucional. O aprender escolar implica num movimento constante que envolve
alunos, professores e todo o corpo escolar. A dificuldade de aprendizagem
representa um entrave momentâneo ou contínuo do sujeito frente a obstáculos que
surgem em suas interações com o meio. A aprendizagem poderá ou não ser real a
depender do repertório do sujeito e do valor que é atribuído à aprendizagem a
ser realizada. O sujeito não aprende de forma linear: em alguns momentos ele
resolve a situação proposta e em outros é motivado a encontrar soluções. Diante
da dificuldade o homem tende a criar e buscar soluções originais. A escola,
enquanto instituição, não considera a relação entre aprendizagem e dificuldade.
Quem aprende é aquele que apenas acerta. O erro é proibido, é pecado e deve ser
punido. O acerto é visto como reprodução do conhecimento, sem crítica ou
reflexão. O acerto é premiado e o erro castigado. O caminho para o aprender é o
que menos importa. A nota alta tem mais valor do que o crescimento do educando.
Isso também ocorre no meio familiar: o sucesso é premiado enquanto o insucesso
é punido como perda para a família. É preciso saber lidar com o erro e os
acertos dos alunos, aproveitando os erros para alcançar os acertos. A
Psicologia Escolar, nesse âmbito, deve viabilizar reflexões com todo o corpo
escolar no que tange a aprendizagem, a avaliação dos docentes e a avaliação
curricular e a partir daquelas realizar mudanças nas mediações pedagógicas em
relação às dificuldades de aprendizagem. Conforme Pichon-Riviére (1988), as
crianças com dificuldades podem perceber o erro e acerto como obstáculo
epistemológico. Para essa criança, o fracasso é mais forte e vem acompanhado do
sentimento de impotência e incapacidade e outros que se concretizam em
obstáculos epistemológicos e funcionais. Essa situação gera ansiedades frente
às novas aprendizagens e perda do desejo de aprender. Dessa forma, o fracasso é
ampliado. A criança precisa perceber a relação adequada entre erro e acerto
como aceitos no processo de aprendizagem para que sua ansiedade seja reduzida e
se sinta motivada a aprender. A escola deve aprender a lidar com crianças bem
sucedidas e com aquelas que apresentam dificuldades. Nesse contexto, a
Psicologia Escolar deve intervir no processo de ensino-aprendizagem
viabilizando essa conduta da escola.
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