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sexta-feira, 26 de julho de 2013

ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO


ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

ANOS
PIAGET
ERICKSON

WALLON
18 meses a 3 anos

Autonomia X vergonha – a criança aprende a andar, a falar, ir ao banheiro, torna-se independente e ganha autoconfiança, controla o intestino.

2


O ato mental se desenvolve a partir do ato motor.
2 - 3


Desenvolvimento sensório-motor.
2 - 5


Período sincrético: a fala e a linguagem é fato.
2 – 7
1.    a criança desenvolve a capacidade simbólica. Ex. Começa a usar símbolos mentais, imagem ou palavras que representam objetos ausentes.

2.    Pré-operatório: aparecimento da Linguagem. Período em que a maturação neurofisiológica completa-se permitindo o desenvolvimento de novas habilidades. Ex. Coordenação motora fina.

3.    A criança é incapaz de aceitar o ponto de vista de outra pessoa quando este é diferente do seu.




3 – 6

Iniciativa X culpa: Nesta fase a criança vai desenvolver sua identidade como menino ou menina, copiando aspectos do comportamento adulto. Já coopera com os outros, dá e recebe ordens. Aprende a equilibrar diversão e responsabilidade. Se for reprimida pelos pais nessa fase sente-se culpada, cresce com medo, fica deslocada dentro do grupo, não tem satisfatoriamente a imaginação e a criatividade.
Predomínio = relações afetivas. A criança percebe-se como pessoa a partir das relações sociais.
5 - 9


Período do pensamento categorial. Reduz-se o sincretismo, permitindo o pensamento diferenciado.
6  - 12

Domínio X inferioridade: A criança aprende a ler, escrever, calcular, jogar bola, e as noções básicas da vida. Relaciona-se em grupo e de acordo com as regras sociais. Se a criança não for encorajada a participar das atividades de seu grupo e se não for bem sucedida em suas tentativas de participação, ela passa do sentimento de domínio para o de inferioridade.



A importância do lúdico e da criatividade para o desenvolvimento humano.


Segundo Piaget, a criatividade é algo que se desenvolve ao longo da vida, desde que o sujeito seja motivado e intermediado para isto. Nesse processo, a ludicidade é fundamental na medida em que proporciona a mobilização da criatividade e, consequentemente, o desenvolvimento do indivíduo. Isso porque o processo criativo mobiliza o desenvolvimento da inteligência, uma vez que cada estágio do desenvolvimento humano produz algo radicalmente novo.
Ao se considerar que a criatividade se desenvolve a partir das inúmeras interações que o indivíduo realiza, percebe-se que neste contexto três sistemas básicos exercem grande influência na viabilização desse processo: a família, a escola e a sociedade.
Durante a convivência familiar, sendo esta pautada no equilíbrio emocional e na flexibilidade adequada das regras, a criança tem liberdade para iniciar o desenvolvimento de sua criatividade como um processo personológico. Uma criança oriunda de uma família muito tradicional, por exemplo, em que prevalece uma rigidez de regras, dificilmente desenvolverá sua criatividade e a capacidade de questionamento.
Por outro lado, um ambiente familiar em que predomina o diálogo e a interação, onde o sujeito possa se expressar, expondo com espontaneidade suas idéias e sentimentos, longe de preconceitos, representa um espaço aberto ao novo e a muitas possibilidades. Um espaço que viabiliza, segundo Luckesi, a “plenitude da experiência”, que nada mais é do que a própria ludicidade.
Quanto aos sistemas educativos, sabe-se que, com raras exceções, são esboçados como um local em que o sujeito desenvolverá conhecimentos, habilidades, valores e comportamentos, em detrimento do desenvolvimento da personalidade e da criatividade.
Visto por outro ângulo, existe a possibilidade da escola tornar-se uma organização de qualidade, contribuindo para o desenvolvimento humano no aspecto da personalidade e da criatividade. Para tal, é necessário que haja o comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo: docentes, alunos, administradores, dentre outros. Todos esses segmentos devem estar conscientes e dispostos a construir uma nova identidade para a educação.
            A escola em si contempla o instrumental necessário à viabilização desse objetivo: os jogos, as brincadeiras e a ludicidade propriamente dita. Esses representam recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo de ensino aprendizagem, tendo em vista que favorecem o desenvolvimento integral do educando. Conforme Piaget, a criança precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo. Isso porque, a medida que se desenvolve a partir da manipulação  e interação com materiais diversificados, a criança passa a reconstruir objetos, a reinventar coisas.
            A sociedade, por sua vez, representa um macro-sistema que influencia, de acordo com a cultura, no desenvolvimento da criatividade dos indivíduos, por meio da família, da escola e demais contextos sociais.
            Em síntese, o avanço científico e tecnológico na sociedade moderna exige dos indivíduos um nível cada vez maior de criatividade, atribuindo à família e, sobretudo, à escola a missão de desenvolver naqueles a capacidade criativa, propiciando uma formação mais completa da personalidade humana, tanto no aspecto social como pessoal.
Dessa forma, faz-se necessária uma mudança no ensino como um todo, abrangendo o currículo, as metodologias e, principalmente, as posturas dos segmentos envolvidos neste processo. Certamente essa mudança conscientizará a família, a escola e, consequentemente, a sociedade sobre a importância de se formar cidadãos críticos e preparados para viver situações novas e inesperadas.

O ESPELHISMO DE LACAN


É o processo de formação da identidade, que se dá entre os seis e os dezoito meses de idade. No início desse processo, a criança ignora sua imagem refletida, é o que Lacan chama de indiferenciação em relação ao mundo. Assim, todo e qualquer comportamento de um outro que lhe responda é que desempenha aqui o papel de um espelho. Nesse caso seria a mãe, ou seja, os cuidados maternos, sem os quais o bebê não existiria. O bebê, inteiramente incapaz de poder ajudar-se a si próprio, tem absoluta necessidade dos cuidados maternos para poder contar com um ambiente que lhe seja favorável e que se encontre o mais próximo possível da condição intra-uterina. A metáfora do espelho do rosto materno reveste um papel de destaque e uma função decisiva no processo da constituição do lugar da criança. Para que o bebê se veja e descubra a imagem unitária de seu corpo, ele precisa ter primeiro descoberto o espelho do olhar materno. É através das expressões faciais, dos gestos, das atitudes, e especialmente do olhar que a mãe ordena o caos das sensações e das emoções que o bebê sente no início da vida, e, assim, pode oferecer-lhe, de modo gradativo e apropriado, o que ele necessita. O bebê, então, identifica-se com esta imagem materna, asseguradora e empática, através da qual vai construir uma imagem de si mesmo, diferenciada e condizente com seu lugar.

COMPETÊNCIAS: Significado em educação

É consenso entre os pensadores da educação que a criança só interioriza o que você ensina se estiver, de alguma forma, ligada ao conteúdo por um desafio, uma motivação. Ou se perceber a importância e aplicação de tudo aquilo que você transmitir.
Essa contextualização é uma das bases do ensino por competência. O objetivo dessa abordagem é ensinar aos alunos o que eles precisam aprender para ser cidadãos que saibam analisar, decidir, planejar, expor suas idéias e ouvir a dos outros. Enfim, para que possam ter participação ativa na sociedade.
A escola já não é mais o lugar onde uma geração passa para outra um acervo de conhecimentos. O papel da escola, hoje, é de funcionar como o espaço onde as relações humanas são moldadas. Deve ser usada para aprimorar valores e atitudes, além de capacitar o indivíduo na busca de informações, onde quer que elas estejam, para usá-las no seu cotidiano.
O dicionário Aurélio define como competência a capacidade de apreciar resolver certos assuntos. Competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação.Ela significa também habilidade, aptidão, idoneidade. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos. Assim, agora são tosos esses objetivos que se deve perseguir ao elaborar um projeto pedagógico.
            Para Philippe Perrenoud, sociólogo suíço, competência em educação é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos – como saberes, habilidades e informações –para solucionar com coerência e eficácia uma serie de situações. Exemplo: decidir seu caminho em uma cidade desconhecida requer as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações.
            Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações e as competências devem estar adaptadas a seu mundo, ou seja, viver nas selvas das cidades exige dominar algumas delas; na floresta virgem, outras. Da mesma forma os pobres têm  problemas diferentes dos ricos para resolver.
            Os conteúdos continuam sendo importantes. Trata-se apenas de trabalhar as informações  de forma diferente, dando-lhes significado. É o que se chama ensino contextualizado.

            Uma coisa é você explicar no quadro o que é fotossíntese. Outra, é comparar a qualidade do ar de um bairro industrial com a de outro cheio de praças e áreas verdes. Eis aí uma aula que pode extrapolar os saberes das Ciências Naturais e se estender para um debate sobre cidadania. Dessa forma, é possível desenvolver a observação, a comparação e a análise. E, de quebra, ensinar a fotossíntese de uma forma bem compreensível.

COMO FORMAR LEITORES E ESCRITORES



Pesquisas de Emilia Ferreiro demonstram que a leitura e escrita, como objetos culturais do conhecimento, são também adquiridas por um processo de autoconstrução, no confronto e na interação da criança com seu meio.
À luz desses pressupostos, torna-se necessário que os educadores reflitam a sua prática de alfabetização e ensino da língua portuguesa, reveja sua postura e reformule sua prática pedagógica nas classes de alfabetização e nas séries posteriores do Ensino Fundamental, tendo consciência de que cada criança tem sua história individual, um processo pessoal de autoconstrução que altera, a cada momento, o caminho a ser trilhado.
É importante que todo educador busque na teoria de Piaget, sobre o desenvolvimento infantil, o suporte necessário para o seu trabalho.
O ensino da língua portuguesa deve ser proporcionado à criança desde a Pré-escola de forma a não dar a ela tudo pronto, mas sim, através das descobertas feitas por ela mesma no contato com os diversos materiais de leitura e escrita, em atividades concretas.
O material, a metodologia, a prática pedagógica são construídos pelo professor a partir dos conceitos dominados pelas crianças, no ritmo e desenvolvimento dos seus alunos.
Para uma prática eficaz é preciso que o professor:

·                     Faça da sala de aula um ambiente alfabetizador;
·                     Propicie aos alunos um ambiente tranqüilo e seguro baseado num relacionamento de cooperação e confiança;
·                     Conheça métodos, técnicas e atividades variadas de leitura e escrita;
·                     Seja estudioso, pesquisador e criativo;
·                     Seja paciente, respeite o ritmo de cada criança, permitindo que a criança faca suas próprias descobertas;
·         Respeite o erro e acredite que ele traduz o estágio em que o aluno se encontra e que a partir dele é que poderá levar a criança a um nível mais avançado. O erro é o ponto de partida para o planejamento do professor;
·                     Seja capaz de entender a linguagem da criança;
·           Use e acredite no jogo como forma de equilíbrio com o mundo, sabendo que, através do lúdico, a criança é capaz de transformar o meio adaptando-o às suas necessidades;
·                      Desafie o pensamento, estimulando a criança através de jogos, brincadeiras e atividades concretas;
·                     Propicie aos seus alunos vivências ricas e dinâmicas de leitura e escrita.

Oferecer às crianças múltiplas oportunidades de escrita e leitura, material variado, livros e histórias, jornal, revistas, papeis, lápis, tintas e outros.
Fazer das atividades de leitura e escrita um processo de interações sociais de comunicação inter-idéias: adulto-criança, crianças entre si, leitor-autor, autor-leitor.
Através de ações inter-individuais, as crianças irão se transformando em leitores e escritores, conhecendo a função social da leitura e da escrita e se envolvendo com estes conhecimentos como agentes e observadores, no mundo letrado, possibilitando-os agir e comportar como se fossem leitores antes mesmo de sê-los (no caso das classes de alfabetização) – levando-os a aprender precocemente o essencial das práticas sociais ligadas à escrita e à leitura.
Para isso é necessário que a sala de aula se transforme num ambiente alfabetizador, mesmo no ensino fundamental.
Os conteúdos devem ser desenvolvidos de forma a levar a criança a conhecer o mundo nos seus vários aspectos.
O trabalho deve acontecer com vistas no desenvolvimento da língua materna. Compreendendo a língua como elemento integrador gerador de entendimentos entre as varias áreas do conhecimento, compreendendo que a linguagem é determinada socialmente.
Deve-se oportunizar a criança a aquisição gradativa de novas formas de expressão, reconhecimento e representação de seu mundo da forma que quiser.
A criança deve ser conduzida à compreensão de que a palavra escrita tem um significado e um significante.


IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL



IMPORTÂNCIA DO LÚDICO PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL


O desenvolvimento infantil se processa através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do JOGO como forma de equilibração com o mundo.
Sua maneira de ASSIMILAR (transformar o meio para que este seja adaptado as suas necessidades) e de ACOMODAR (mudar a si mesma para adaptar-se ao meio) de verá acontecer através do jogo. Assim sendo, a atividade escolar deverá ser uma atividade de lazer e de trabalho para as crianças, sobretudo no pré-escolar e nas classes iniciais da alfabetização e do Ensino fundamental.
As brincadeiras e os jogos tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo de ensino-aprendizagem. A criança aprende melhor brincando e os conteúdos podem ser ensinados através do lúdico. As atividades de brincar podem ter objetivos didático-pedagógicos e visarão propiciar o desenvolvimento integral do educando.
Para Piaget, os jogos tornam-se mais significativos à medida que a criança se desenvolve, pois, a partir da livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstruir objetos, a reinventar coisas, o que já exige uma adaptação mais completa, numa síntese mais progressiva da assimilação com a acomodação.

A atividade lúdica, na busca de novos conhecimentos, exige do educando uma ação ativa, indagadora, reflexiva, desvendadora, socializadora, criativa, relações estas que são a base psicogenética da educação lúdica (evolução psíquica e genética da criança), o que se opõe à passividade, submissão, alienação, irreflexão, condicionamento de uma pedagogia dominadora, opressora.
O jogo representa uma situação-problema a ser resolvida pela criança e sua solução deve ser construída por ela mesma, de forma criativa e inteligente.
Nessa perspectiva, é preciso que o educador repense o conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez, a passividade pela vida, pela alegria, pelo entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir conhecimento.
A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola, é de encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder, alguém que se preocupe com ela, que a ajude a pensar, a perceber o mundo e seja capaz de dar-lhe as mãos para construir  com ela uma nova história e uma sociedade melhor.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

EINSTEIN TAMBÉM TEVE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM





Nos primeiros anos de vida, Einstein teve dificuldades para se expressar através da fala e era lento para aprender, fato que, durante algum tempo, deixou seus pais preocupados. Nos primeiros anos escolares, 
Einstein não se destacava nem pelas notas nem pela regularidade com que ia à escola. Mas seu caráter e a biblioteca do pai foram importantes na sua formação.


sexta-feira, 12 de julho de 2013

DAR OU NÃO UM CELULAR PARA CONTROLAR O FILHO?



ROSELY SAYÃO

O telefone celular pode ser uma facilidade na comunicação dos pais com seus filhos? É bom pensar melhor nesse assunto já que não são mais apenas os filhos adolescentes que pedem e/ou ganham um celular: crianças cada vez menores já vão para a escola ou para os passeios com a turma levando seu celular. Como toda e qualquer atitude que os pais tomam com relação aos filhos,
 oferecer um celular também terá consequências educativas, por isso é preciso avaliar primeiramente esse ponto de vista -o mais importante- e só depois o lado prático e objetivo da situação.
Muitos adolescentes acham o máximo ter seu próprio celular. E os pais, auxiliados por essa fraqueza consumista dos filhos, tratam de tirar proveito dela e não perdem tempo: compram logo um telefone móvel para o filho. As intenções dos pais nem sempre são claras, mas, sem dúvida, esse recurso oferece a possibilidade de uma maior vigilância e controle dos passos dados pelos filhos. Doce ilusão!
A prática tem mostrado que os adolescentes usam o celular apenas na busca da própria comodidade, como na hora de chamar os pais para buscá-lo na festa ou quando termina o show. Mas, se por acaso ele diz que vai a algum lugar e depois vai a outro ou se resolve esticar o programa sem autorização, o celular é desligado, fica tocando em vão ou, providencialmente, fica sem bateria. Simples, não?
Agora, sem dúvida alguma, eles sempre têm o que falar e com quem falar horas e contas a fio -e quase sempre sem limite algum, a não ser o próprio. Isso significa discussões quando chega a conta, suspensão de uso etc. e tal. Até que chega um dia em que o filho, se for esperto, abdica do celular dado pelos pais e só vai voltar a usar um quando puder ter autonomia para decidir quando e como usar. Ponto para o adolescente que chega a essa conclusão!
Isso significa que os adolescentes não devem ter celular? Não. Isso significa que, até o momento, a maioria dos pais e também dos filhos ainda não aprendeu a usar esse recurso que a tecnologia moderna oferece de modo a tirar vantagens dele. Deve ter não apenas um, mas vários modos de usar o celular em benefício de ambos os lados, mas é preciso inventá-los ainda. Fica o desafio, principalmente aos jovens leitores desta coluna.
E quanto aos pais de crianças entre nove e 12 anos que acreditam ajudar a proteger o filho dando um celular a ele? Um bom exemplo é ver grupos de crianças dessa idade passeando no sábado à tarde nos shoppings
 devidamente armados com seus celulares. Tive a chance de ouvir uma breve conversa ao celular de uma garota de 11 anos, mais ou menos, com sua mãe. Ela ligou para perguntar a opinião da mãe sobre o lanche que pediria na lanchonete!
O celular não substitui a presença de um dos pais ou do adulto responsável pela criança em determinadas atividades que ela faz. O maior risco é os pais acreditarem nessa possibilidade, pois isso os leva a crer que podem
 permitir que os filhos façam coisas que, sem o celular, não permitiriam. Pois, mesmo com o telefone, não devem permitir. E, se há alguma atividade que ela pode fazer sozinha, o celular só pode atrapalhar. Ou alguém conhece criança com maturidade para administrar uma conversa ao celular e pegar o ônibus, por exemplo, ou atravessar uma avenida ao mesmo tempo?
Muitos pais dão o celular ao filho com menos de 12, 13 anos, porque assim ficam mais aliviados: podem ter acesso ao filho a qualquer momento e local. Isso significa que são os pais que precisam do celular, e não o filho. E, dessa forma, certamente o resultado não será benéfico na educação para a autonomia.
Quer dizer que uma criança não pode ser beneficiada com uso do celular? Dificilmente, pois é recurso da vida adulta. Isso significa que ela não deve ter um, mas não quer dizer que não possa usar um, de vez em quando, quando a família achar conveniente e necessário. Mas vale lembrar que isso é exceção, e não regra nas situações que ela vivencia.


ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo É Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br

MANIFESTO 2000 PARA UMA CULTURA DA PAZ E NÃO-VIOLÊNCIA



Reconhecendo a minha cota de responsabilidade com o futuro da humanidade, especialmente com as crianças de hoje e as das gerações futuras, eu me comprometo - em minha vida diária, na minha família, no meu trabalho, na minha comunidade, no meu país e na minha região - a:

1. Respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação ou preconceito;

2. Praticar a não-violência ativa, rejeitando a violência sob todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis como as crianças e os adolescentes;

3. Compartilhar o meu tempo e meus recursos materiais em um espírito de generosidade visando o fim da exclusão, da injustiça e da opressão política e econômica;

4. Defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, dando sempre preferência ao diálogo e à escuta do que ao fanatismo, a difamação e a rejeição do outro;

5. Promover um comportamento de consumo que seja responsável e práticas de desenvolvimento que respeitem todas as formas de vida e preservem o equilíbrio da natureza no planeta;

6. Contribuir para o desenvolvimento da minha comunidade, com a ampla participação da mulher e o respeito pelos princípios democráticos, de modo a construir novas formas de solidariedade.


AINDA DÁ TEMPO DE VOCÊ PARTICIPAR...!


AOS PAIS SEMPRE OCUPADOS


 O pai moderno, muitas vezes perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um louco em busca do futuro e esquece do agora. A cada novo bem custa dias, semanas, meses de luta. Mas ele está "realizando" o futuro de sua família. Não se contenta com um emprego só - é preciso ter dois ou três; vender parte
das férias; levar parte para casa.
Esse homem se esquece de que a verdadeira declaração de bens está em outra página do formulário do imposto de renda - naquelas modestas linhas, quase escondidas, onde se lê: relação de dependentes. São os filhos que colocou no mundo, a quem deve dedicar o melhor do seu tempo.
Novos demais, não estão interessados no aumento da renda. Eles só querem um pai para conviver, dialogar, brincar.
Mas o pai, porque se entregou de tal forma à construção do futuro, não os levou ou buscou no colégio; nunca foi a uma festa infantil; não teve tempo para assistir à coroação de sua filha como rainha da primavera.
Há filhos órfão de pais vivos. Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos. Só se encontram de passagem em casa. E para ver os pais é quase preciso marcar hora.
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar, a mensagem que tenho para dar é: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos.
Aos 18 anos de casados, passei 15 absorvido pela construção do futuro para três filhos e minha mulher.
Isso me custou longos afastamentos de casa: viagens, estágios, cursos,plantões no jornal, madrugadas no estúdio da televisão... Uma vida sempre agitada, tormentosa e apaixonante, na dedicação à profissão - que foi, na verdade, mais importante do que minha família.
Agora, estou aqui com o resultado de tanto esforço: construir o futuro,penosamente, e não sei o que fazer com ele, depois da perda de Otávio e Priscila.
De que vale tudo que juntei, se esses filhos não estão mais aqui para aproveitar? Se o resultado de 30 anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio e, desses bens todos, não restassem nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância; não ia provocar o menor abalo em nossa vida, porque a escala de valores mudou e o dinheiro passou a ter peso mínimo e relativo em tudo.
Se o dinheiro não foi capaz de comprar a vida de meu filho amado que se drogou e morreu; se não foi capaz de evitar a fuga de minha filhinha, que saiu de casa e prostituiu-se, e dela não tenho mais notícias, para que serve? Para que ser escravo dele?
Eu trocaria - explodindo de felicidade - todas as linhas da declaração de bens por duas únicas que tive de tirar da relação de dependentes: os nomes de Luiz Otávio e de Priscila. E como doeu retirar essas linhas na declaração de 1986, ano base 1985.


Depoimento de um jornalista